Criou o Vet da Deprê em 2011, quando ainda estava na faculdade. Hoje é Mestrando em Ciência Animal pela Universidade Estadual de Londrina. Gosta muito de marketing digital, é cachorreiro nato e não dispensa um bom livro. Instagram: @lgcorsi
Ontem de madrugada eu resolvi buscar alguma coisa diferente para postar, eis que eu me deparo com a imagem acima. Fuji, the Dolphin foi um dos vários animais silvestres/selvagens a receberem próteses e ganharem uma chance de viver. Não sou nem um pouco fã de ortopedia, mas não podia deixar de trazer algumas histórias sensacionais para vocês!
1. Fuji, the Dolphin
Fuji é um golfinho que vive no japão e acabou desenvolvendo uma doença que causou deterioração progressiva de sua barbatana caudal em meados dos anos 2002. Devido à complicação, o único meio que os médicos veterinários encontraram para salvar a vida do animal foi amputar parte de seu rabo, fazendo com que tivesse sérios problemas de locomoção. Comovidos com a história, a Bridgestone montou uma equipe para que pudessem desenvolver uma nadadeira artificial para o golfinho, conseguindo seu primeiro protótipo em 2003. O resultado? Vocês conferem na foto!
2. A cegonha Uzonka
Quando uma ave tem seu bico machucado, ela pode não ser capaz de comer, beber ou caçar de forma adequada, e poderia acabar morrendo como resultado. A cegonha Uzonka teve seu bico quebrado devido à agressões de humanos na Romênia. Após várias operações preparatórias, ela acabou recebendo esta prótese em seu bico, e está sob os cuidados de um hospital veterinário em Uzon, Romênia.
3. Tonka
Tonka, a “tartaruga” em rodas perdeu sua pacacidade de se locomover após uma de suas patas serem mordidas por um cão, até que alguns trabalhadores ajustou esta engenhosa cadeira de rodas à tartaruguinha. De repente, Tonka estava mais esperta do que nunca, de vagarzinho, é claro. Então, depois de alguns dias em que sua fotografia apareceu no jornal, ela foi adotada quase que imediatamente! Quem nos dera que os proprietários de cães e gatos tivessem o mesmo pensamento dos pais adotivos da Tonka!
4. Bela
As chances de sobrevivência não pareciam estar a favor da águia americana chamada Bela (Beauty) quando ela foi encontrada sem conseguir se alimentar em um aterro sanitário no Alasca, em 2005. Infelizmente, a água teve seu bico quebrado devido ao tiro de um caçador. Ela foi levada à um refúgio, mas seu bico não voltou a crescer. Felizmente, a águia foi agraciada com um bico de titânio, conseguindo beber água e se alimentar. Enquanto o bico não é forte o suficiente para que Bela volte à vida selvagem, pelo menos permite à Bela que tenha sua aparência de volta, enquanto vive uma vida segura e longe de caçadores.
5. O elefante Motala
Em 1999 o elefante Motala pisou em uma mina terrestre perto da fronteira entre a Tailândia e a Birmânia. Os médicos veterinários conseguiram salvar a sua pata dianteira, mas ainda sim ela ficou menor que as demais. Após ser levado ao Hospital Amigos dos Elefantes Asiáticos (Friends of the Asian Elephant’s Hospital) na Tailândia, Motala ganhou uma nova prótese em 2005. A prótese consiste em um saco cheio de lascas de madeira, que faz com que seu braço tenha o mesmo tamanho dos outros. Ele aceitou com perfeição o presente.
Infelizmente parece que histórias de elefantes que pisaram em bombas são comuns na África/Ásia. Comecei a pesquisar sobre alguns, e apareceram vários e vários casos diferentes. Realmente lastimante para aqueles que não tem nada a ver com os conflitos!
6. A canguru vermelha Stumpy
Stumpy é uma canguru vermelho que vive em Ohio, no santuário da Sociedade Internacional dos Cangurus (International Kangoroo Society’s). A canguru tinha apenas uma das patas traseiras, até que os veterinários da Ohio State University (eu ia pra lá, buáááá hahaha) criaram uma perna artificial para ela. Os doutores David E. Anderson, Professor Associado de Cirurgia do Colégio de Medicina Veterinária e Richard Nitsch, licenciado da Associação de Ortopedistas Americana, fizeram questão de que a prótese possuísse o mesmo movimento que a perna original.
7. Allison, a tartaruga marinha
Allison se tornou a primeira de sua espécie a ser agraciada com uma barbatana artificial. Ela foi ferida com o que pareciam ser mordidas de tubarão, na costa do Texas. Com apenas três anos de idade (tartarugas marinhas podem viver até cem), ela estava nadando em círculos, literalmente. Até ganhar um traje especial que contém uma barbatana de fibra de carbono, agindo como um leme para equilibrá-la. Ela não está em forma ainda para voltar à vida selvagem, mas já está perseguindo as outras tartarugas no Sea Turtle Inc, em South Padre Island.
Eu poderia ficar a noite inteira falando de conquistas fantásticas adquiridas pela Medicina Veterinária e pelo amor aos animais, porque estes foram apenas alguns exemplos das dezenas que eu encontrei. Há algum tempo haviam me pedido para fazer algum post sobre motivação para os estudantes. Na boa, existe coisa melhor do que essa? Existe alguma coisa melhor do que você poder olhar para estas fotos e poder dizer de boca cheia “É isso que eu quero da minha vida, é para isso que eu nasci!”?
Há alguns meses atrás eu publiquei um artigo sobre livros motivacionais para estudantes de veterinária, na qual comentei sobre alguns que eu já havia lido e que achei interessante para dar um up nos estudos e relembrarmos os motivos de termos escolhido esta graciosa profissão.
Dentre as sugestões dos leitores, a que mais se destacou foi a do livro Diga Trinta e Três, escrito pelo Dr. Nick Trout, médico veterinário da Clínica Angell Animal Medical Center, em Boston. Encantado pela forma como foi escrito, comprei logo de cara, e resolvi dividir minha experiência aqui com vocês :).
Segue a sinopse do livro e, logo abaixo, meus comentários:
“São 2h47 da manhã, e o doutor Nick trout recebe uma ligação que faz com que outro dia agitado tenha início na clínica veterinária Angell Animal Medical Center. Sage, um pastor alemão de 10 anos, poderá morrer sem uma cirurgia de emergência por conta de um sério problema no estômago. Nas próximas 24 horas, o doutor Trout lutará pela vida de Sage. Entre uma batalha e outra no centro operatório, o doutor Trout soluciona diagnósticos duvidosos, reafirma a confiança dos donos de Sage e tenta usar de humor e inspiração para aliviar as tensões. E , agora, ele convida você a participar desta jornada. Inspirado em histórias emocionantes de luta e sobrevivência, Diga Trinta e Três apresenta contos hilários e prazerosos sobre o dia-a-dia de um cirurgião-veterinário para salvar a vida de seus pacientes e acalmar os respectivos donos. É um retrato fascinante da comédia e do drama, das complexidades e recompensas envolvidas no amor e cuidados com os animais.”
Confesso que eu esperava que o livro fosse algo mais técnico, coisa que após ler as primeiras páginas percebi ser logo o contrário. Diga Trinta e Três (Tell me where it hurts) foi escrito por um veterinário, mas é destinado a todas as pessoas que amam seus animais. E que sejam fortes para não cair em lágrimas com as histórias contadas pelo Dr. Trout.
A clínica Angell. Não consegui achar nenhuma
foto da fachada inteira =/.
A narrativa começa com o Dr. Nick sendo acordado às 3 horas da madrugada por uma das residentes da clínica veterinária Angell Animal Medical Center. Já começa impressionando por aí: a clínica Angell conta com mais de 17 mil metros quadrados, atendendo quase 50 mil cães, gatos e animais exóticos anualmente. Só para vocês terem uma ideia, o HV da minha faculdade atende uns 7 mil casos por ano, no talo!
Enfim, voltando à história, a R1 logo solicita que o cirurgião venha à clínica, pois havia acabado de aparecer uma torção gástrica e ela ainda não se sentia segura para realizar a operação. Com toda sabedoria de anos de profissão, o médico atende ao paciente, ensinando os passos de uma cirurgia bem feita à profissional.
É nesse desenrolar que o livro conta sua história. Na verdade, o autor salienta que todas as histórias contadas no livro são verídicas, mas que por razões óbvias, foram compiladas em um único dia para promover dinamismo na leitura.
O fato que eu achei sensacional, foi que ele conseguiu transpor o texto de maneira estupenda, de forma que o livro se tornou bastante básico no quesito medicina veterinária, mas ao mesmo tempo se tornou interessantíssimo para quem está ligada à profissão, satisfazendo desde simples amantes de animais a médicos veterinários formados. Um ótimo exemplo é como ele trata a realização da eutanásia, mostrando ambos os lados: o do profissional responsável e do proprietário triste pela perda de seu companheiro.
A narrativa da história é bastante uniforme, passando por altos e baixos, com momentos tristes e alegres. Ele não é do tipo de livro que você fica eufórico e lê em três dias, assim como A Arte de Correr na Chuva, mas é do tipo que você tem certeza que da próxima vez que parar para lê-lo, será uma leitura bastante prazerosa. A única coisa que peca em alguns aspectos é a tradução, mas nada muito relevante.
O acabamento como de costume é de brochura, mas as páginas são de folha sulfite branca, coisa que eu estranhei devido ao preço ser um pouco salgado (sempre acima de R$30), na qual normalmente são aquelas amarelinhas e gostosas de olhar.
Infelizmente ele está em falta nas principais livrarias online, mas como várias pessoas já me perguntaram se eu sabia algum lugar que possuía em estoque, fiz uma pesquisa rápida e encontrei à venda na Cd Point.
De qualquer jeito, deveria ser uma leitura obrigatória para todos que gostam de animais, principalmente cães e gatos. Para os veterinários e estudantes é uma ótima forma de adquirir diferentes experiências e perspectivas. Para os proprietários é um excelente meio de estar por trás do jaleco e sentir como é um pouquinho da rotina dentro de uma clínica para animais. E você que já leu, o que achou do livro?
Diga Trinta e Três – 24 horas de risos, lágrimas e muita emoção numa clínica veterinária.