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Carta de um cão abandonado

[vc_row][vc_column][vc_video link=”https://www.youtube.com/watch?v=qHd1BTLTw2E”][vc_empty_space][vc_column_text]”Querido dono, hoje faz três dias que você esqueceu de mim aqui amarrado a uma árvore. Espero que esteja tudo bem contigo e que venha me buscar assim que puder.

Está muito calor e eu tenho sede, não bebo nada desde que me trouxe para passear. Tenho fome também, mas já comi umas graminhas que encontrei. Estou preocupado que tenha acontecido alguma coisa com você e que eu, aqui preso, não possa te salvar!

Passou um esquilo por aqui e me disse que você não havia esquecido de mim, mas que tinha me abandonado de propósito, como tantos donos fazem agora que o verão começou e querem viajar de férias à vontade.

Eu rosnei e disse para se calar! Ele não sabe o que diz! Eu sei que você seria incapaz de me abandonar… não seria? Eu sei que dava trabalho, que às vezes me comportava mal e não aguentava passar um dia sozinho em casa sem ir passear e acabava fazendo minhas necessidades no chão da cozinha.

Você brigava muito comigo e até me batia e, embora não tivesse feito por mal, eu sei que a culpa era minha. Sei que às vezes estava frio e eu demorava muito tempo quando me levava para passear.

Sei que quando o Bruno nasceu passou a me dar menos atenção mas eu não achei mal, compreendo, ele é teu filho, como se fosse um irmão para mim. Sempre fui um bom irmão para ele, lhe lambi as feridas e o protegi do aspirador mesmo que ele me metesse medo com aquele barulho ensurdecedor.

Lembro-me bem de quando era pequeno, que me deixava aninhar no teu peito e dormir no teu quarto. Que dizia para todo mundo que eu era um cão muito fofinho! Com o tempo você foi se afastando um pouco de mim, mas eu compreendo, estava cheio de trabalho e chegava em casa cansado e queria ficar sozinho.

Eu tentava brincar contigo para te animar mas você me mandava ficar quieto e ir para a minha cama, que agora já era na varanda. Uma vez eu não obedeci e tentei brincar mais contigo, ladrei e tudo para entrar na brincadeira e você me bateu. Me deu um pontapé no focinho com muita força. Doeu muito e fiquei meio desorientado… não guardei rancor, passados 5 minutos estava te pendido desculpa e você não quis saber de mim. Só me levou para passear no dia seguinte e eu aguentei até lá!

Fui um bom cão, não fui?

Peço desculpa se às vezes fui barulhento, se pulei demais quando chegava em casa e se arranhei suas pernas, mas como um cão meu amigo uma vez me disse “Se quem você ama entra numa sala de cinco em cinco minutos, deve ir cumprimentá-lo e mostrar que gosta dele da mesma forma eufórica em cada um destas vezes”.

Se vier me buscar vou te receber de patas abertas, vou te lamber a cara milhares de vezes e ser o melhor cão que um dono pode pedir. Por favor não demore muito, não sei quanto tempo mais consigo aguentar, já sinto o frio mesmo com este sol escaldante.

Do seu melhor amigo, Bobby”[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

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Criou o Vet da Deprê em 2011, quando ainda estava na faculdade. Hoje é Mestrando em Ciência Animal pela Universidade Estadual de Londrina. Gosta muito de marketing digital, é cachorreiro nato e não dispensa um bom livro. Instagram: @lgcorsi

2 Comments

  1. O pior é que a realidade é assim mesmo,e o abandono está aumentando casa vez mais.

  2. Faz uma do cão que foi resgatado do abandono. Eu peguei um assim, amarrado na árvore. Perguntei aos vizinhos sobre ele, me disseram que o dono tinha ido embora e o deixado lá. Eu peguei ele e levei pra casa. Será o que ele escreveria?

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