Bom, quando eu era criança, meu sonho era ser caminhoneiro. Sim, caminhoneiro! Eu ficava encantado com aqueles caminhões enormes e imponentes e achava incrível viajar por muitos lugares. Mas coisa de criança, né. Quando a gente cresce um pouquinho vê que não são só as flores, que tem que ralar muito, é perigoso e ainda tem que lidar com a distância da família e amigos. Por falar em sonho (sonho mesmo, rsrs’), quem nunca sonhou em ser um jogador de futebol, né!? Eu também adorava desenhar. Sempre fui muito incentivado nessa parte por meus pais e professores. Meus pais diziam que eu devia fazer Arquitetura e Urbanismo, e eu, ainda criança, até achava legal, mas não fazia a menor idéia do que se tratava. Mas, modéstia à parte, eu tinha um certo talento com isso.
Quando eu tinha mais ou menos uns 13 anos de idade, eu ganhei o Sadam, um mestiço de labrador que era a coisa mais apaixonante da face da Terra. Antes dele eu tive dois outros cachorrinhos, dois passarinhos e um galo (se bem me lembro). Nós sempre tivemos algum bichinho de estimação em casa. Acho que toda criança gosta de animais, né. Eu sempre tive vontade de levar algum cachorrinho pra casa. Sempre senti mais pena em olhar pra um cachorro abandonado e machucado na rua do que em olhar para um mendigo, por exemplo.
Mais ou menos nessa época, cheguei do colégio um dia e minha mãe estava com a minha tia e o Sadam, se aprontando para ir ao Veterinário, pois ele estava fraco e sangrando pelo focinho. Eu não sabia direito o que estava acontecendo, mas, evidentemente, fiquei muito preocupado e fui com elas até o consultório veterinário. Me lembro que o veterinário atendeu o Sadam, fez umas perguntas e aplicou uma injeção nele. Disse que ele havia sido envenenado e que o quadro dele era grave. Chorei demais naquela noite, mas, para a nossa alegria, o Sadam amanheceu melhor no dia seguinte, e continuou progredindo até se curar. A partir daquele dia, eu passei a olhar pra Medicina Veterinária com um brilho especial nos olhos.
O tempo foi passando e é durante o ensino médio que a gente começa a encarar com mais seriedade a questão de qual carreira seguir. Eu tinha muita admiração pela Veterinária, mas ainda era uma opção um pouco remota, por conta de alguns motivos como o curso ser caro, as faculdades públicas serem distantes da minha cidade, e também pela própria dúvida de qual profissão eu deveria realmente escolher.
Em uma outra ocasião, a Lessie, uma poodle que a minha mãe criava como se fosse uma filha, caiu da escada que leva para o segundo andar da casa e a partir de então começou a ficar estranha. A Lessie não andava mais direito, não comia bem, não nos reconhecia mais como antes. Nós a levamos no Veterinário e não me lembro bem qual o diagnóstico nem qual a explicação dele, mas era alguma evolução do trauma da queda. Tentamos resistir mais algum tempo com ela, mas chegou a tal ponto que ela não conseguia levantar mais, nem se alimentar sozinha. Infelizmente, tivemos que eutanasiá-la. Esse episódio também me marcou muito e a maneira como o Veterinário lidou com o caso, tanto com o paciente quanto com a gente, os proprietários, me fizeram admirar ainda mais a profissão.
Na época em que estava me formando no ensino médio, eu trabalhava com locução publicitária e tinha um programa numa rádio local. Isso havia me despertado um interesse bastante grande em uma graduação na área de Publicidade e Marketing ou Jornalismo. Mas, não conseguia enxergar um mercado de trabalho muito bom nessa área. Também sempre fui muito curioso com coisas de tecnologia e informação, e a informática me motivava muito. Por isso, o curso de Sistemas de Informação também entrava na minha lista de opções.
Tinha uma dúvida bastante grande, mas não tinha como escolher outra profissão, se não aquela em que eu pudesse estar ajudando as criaturas mais puras que existem no mundo. Sem querer ser arrogante, mas eu queria fazer algo difícil, algo que não fosse qualquer um que tivesse capacidade de fazer e que fosse ao mesmo tempo gratificante. Vi isso na Veterinária (acho que até exagerei, bota difícil nisso! HAHA’). Hoje não me arrependo em nenhum momento de ter escolhido essa profissão (leia-se arte) e me sinto cada dia mais motivado a dedicar minha vida à Medicina Veterinária.
E com vocês, como surgiu a descoberta do dom de ser Médico Veterinário? Tenho certeza que cada um tem sua própria história, e seria muito legal se compartilhassem com a gente, e ajudassem que ainda está em dúvida a se decidir se esta é a carreira correta a se escolher, o que acham?