Foi publicado no site da ANDA (Agência de Notícias de Direitos Animais) um artigo intitulado como “Médicos ou veterinários do mal?” (clique para ler) onde foi exposta de forma errônea a atuação do Médico Veterinário desde seu trajeto na faculdade até a sua formação e atuação na vida profissional.
O artigo atingiu todos da classe veterinária sem fazer qualquer distinção, apunhalando todos envolvidos na profissão com acusações duras e má formuladas, cheias de ódio, informações e referências erradas. Quem realmente vive e ama a veterinária, ao ler tais barbaridades e insinuações em forma de frases, creio que sentiu no fundo da alma a tristeza que a falta de respeito traz.
Todos pensam que o estudante de medicina veterinária foi induzido a fazer tal faculdade pelo amor que sente pelos animais. Com certeza este fato é muito importante para tal decisão, porém, não é o único. Medicina veterinária é ciência e vai muito além do carinho e do amor pelos cachorrinhos e gatinhos.
Fonte: driggsvet.com
Durante a trajetória do curso é muito explanado sobre ética profissional e bioética, inclusive na grade tem um espaço dedicado a essa matéria, que é onde se determina como nós, médicos veterinários, temos que agir racionalmente e prudentemente. Embora cultivamos todo amor, do cuidado e dedicação com os animais, temos uma obrigação que vai além desses sentimentos, que é o respeito e a valorização da vida animal.
O Código de Ética do Médico Veterinário é um instrumento normativo do Conselho Federal de Medicina Veterinária – CFMV – que foi feito para adequar o exercício e caráter profissional com direitos e deveres para a prestação de serviço de excelência ao paciente, ao proprietário e à comunidade em geral. A moral do profissional se fundamenta no cumprimento e obediência dessas regras.
Em relação ao artigo da ANDA, citado acima, temos a opinião do blogueiro Humberto Cunha, a seguir, que tem domínio e experiência na área alimentícia, para ressaltar pontos importantes abordados nas declarações feitas pelo autor do artigo:
O escopo do autor, ao redigir o texto, foi simplesmente atacar todos aqueles que vão contra seus princípios ético-profissionais. Se você ainda acha que somos veterinários do mal, façamos a seguinte reflexão:
- Por um momento imagine que, a partir de amanhã, não houvesse mais médicos veterinários na indústria da carne (criticados pelo autor). Quais seriam as consequências?
Figura: Imagine um mundo sem os veterinários da indústria da carne.
Fonte: Deskbg.com
- Não haveria o devido respeito ao bem estar animal no momento do abate. Ao estudar a bioética, o veterinário é o grande responsável por conscientizar/educar o empresariado sobre este assunto.
- Não haveriam condições apropriadas para criação dos animais de produção. Explorar os potenciais zootécnicos dos animais, sem a presença do médico veterinário, prejudicaria a ambiência.
- Não haveria embasamento sanitário para exportação/importação dos animais de produção, portanto isso seria uma ameaça à saúde animal (dos rebanhos).
- Os produtos cárneos trariam sérios riscos à saúde do consumidor (zoonoses), uma vez que a inspeção dos animais in vivo e post – mortem, bem como o controle da qualidade do processo, não seriam exequíveis. Você consumiria estes produtos sem certificação sanitária:
- Hambúrgueres, bacon, salame, copa, linguiças, presunto e produtos cárneos em geral.
Figura: Produtos de Origem Animal – carnes.
Fonte: ruralpecuaria.com.br
A meu ver o autor, ao expressar suas convicções, mostrou desconhecer o verdadeiro papel do médico veterinário na indústria da carne e deixou claro que, em detrimento à sua filosofia de vida, qualquer veterinário que esteja envolvido da criação ao abate, mesmo sob os princípios da bioética, é um assassino.
O título de “médico” que ele quer nos tirar, pouco me importa. O que mais me incomoda é associar nossa área de atuação com seres humanos cruéis e sem escrúpulos. Quem é da área, vai meu conselho: